Pesquisadores investigam as alterações anatômicas e
funcionais que a prática da meditação produz no cérebro e mapeiam seus
benefícios para a saúde física e mental.
por: Alice Giraldi - Revista Neurociências
Uma consulta rápida ao PubMed,
serviço da Biblioteca Nacional de Medicina Americana, retorna perto de dois mil
resultados para a palavra meditation (do inglês, meditação). O crescente
interesse da comunidade científica a respeito desse milenar exercício de
treinamento mental parece ter fundamento, mostram os estudos. As melhorias
observadas na saúde dos praticantes da meditação iriam além da redução do
estresse. "A meditação é uma espécie de musculação cerebral, que revela
benefícios em todas as direções", afirma o psiquiatra e neurorradiologista
João Radvany, do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), pesquisador do
tema. Entre os efeitos positivos da prática mental, ele destaca seu papel na
prevenção ou tratamento de distúrbios crônicos, tais como insônia, fibromialgia
e síndrome de fadiga crônica e, ainda, de doenças cardiovasculares, depressão,
diabetes tipo 2 e artrite reumatoide. Entre os benefícios mais notáveis e mais
bem estudados da meditação no sistema cardiovascular, destaca-se sua ação na regulação
da pressão arterial. O National Institutes of Health (NIH), órgão de pesquisa
em saúde do governo norte-americano, destinou 24 milhões de dólares ao estudo
dos efeitos da meditação transcendental nas doenças cardiovasculares, nas duas
últimas décadas, e as pesquisas realizadas por sete universidades
norte-americanas apontaram resultados significativos nesse sentido. Em um dos
estudos foram analisados 150 indivíduos hipertensos de origem afro-americana,
grupo que apresenta incidência elevada de doenças cardiovasculares.
Após 12 meses de sessões diárias
de 20 minutos de meditação, os praticantes exibiram redução média de 6 mmHg na
pressão diastólica e de 3 mmHg na pressão sistólica. Outra pesquisa comparou as
taxas de óbitos entre dois grupos de idosos com tendência à hipertensão, ao
longo de 18 anos. O grupo que praticou meditação transcendental apresentou uma
taxa de óbito 23% menor que a do grupo controle, que participou apenas de aulas
de educação em saúde no mesmo período.
Quando um indivíduo medita,
ocorrem alterações não somente na atividade cerebral, como também em aspectos
fisiológicos, tais como batimentos cardíacos, ritmo respiratório e produção de
hormônios", afi rma a psicobióloga Elisa Kozasa,pesquisadora do
Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e
do Instituto do Cérebro do HIAE. Ao lado de Radvany, ela participa de um estudo
desenvolvido pelo hospital em conjunto com a Unifesp, que emprega a ressonância
magnética funcional para analisar alterações na atividade cerebral de
meditadores. A pesquisa comparou as características cerebrais de meditadores
antes e depois de uma imersão de sete dias na prática intensiva da meditação.
Os sujeitos tiveram seus cérebros analisados por exames de ressonância
funcional antes e após a imersão, enquanto executavam o Teste de Stroop, que
avalia a capacidade individual de conter a impulsividade e manter o foco numa
determinada atividade.
Os dados coletados na pesquisa
ainda estão em fase de análise, mas o estudo piloto mostrou mudanças na
intensidade da atividade de algumas áreas do cérebro após uma semana de
prática, particularmente entre os meditadores mais experientes, que praticavam
pelo menos três vezes por semana, há mais de três anos. "Houve ativação no
córtex pré-frontal e no giro do cíngulo, que são áreas relacionadas à
atenção", informa Elisa. A capacidade de focar a atenção, frisa a
pesquisadora, é essencial no desempenho de funções cognitivas importantes, como
aprendizado e memória.
Neuroplasticidade e saúde pública
Um conceito cada vez mais
relacionado à meditação na área da pesquisa médica é o da neuroplasticidade.
Sabe-se que certas práticas e experiências são capazes de promover mudanças na
anatomia e funções do cérebro. A meditação é uma delas. "Estudos mostram
que cérebros de meditadores de longo tempo têm diferenças em relação aos de não
meditadores", diz Elisa Kozasa. "São diferenças de espessura do
córtex cerebral na região da ínsula, que está relacionada à interocepção e à
percepção, e também em outras áreas ligadas à memória e à atenção." Uma
pesquisa realizada em 2009, na Dinamarca, revelou também que indivíduos que
praticam meditação durante muitos anos apresentam maior densidade de massa
cinzenta na parte inferior do tronco cerebral, região relacionada ao controle
cardiorrespiratório. No Brasil, a técnica já foi incorporada à rede do Sistema
Único de Saúde (SUS) em 19 estados e 107 municípios, por meio da Política de
Práticas Integrativas e Complementares do Ministério da Saúde. Uma parceria
entre a Unifesp e a Prefeitura de São Paulo também viabilizou a introdução da
prática da meditação na rede pública de saúde. "Hoje, 80% das unidades de
saúde da região centro-oeste do município oferecem alguma atividade
meditativa", conta Elisa Kozasa, que participa do projeto.
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