segunda-feira, 30 de julho de 2012

Prática de meditação muda positivamente o cérebro

Fonte: The New York Times


Não diz respeito a um grupo da "nova era" ou um amante da espiritualidade, mas uma equipe de psiquiatras liderados pelo Massachusetts General Hospital, que realizou o primeiro estudo a documentar como o exercício de meditação pode afetar o cérebro. 

De acordo com as suas descobertas, publicadas na Psychiatry Research, a prática de um programa de meditação de oito semanas pode causar alterações significativas nas regiões do cérebro associadas com a memória, auto-conhecimento, empatia e estresse. Ou seja, algo considerado espiritual, transforma fisicamente e pode melhorar o nosso bem-estar e nossa saúde.

"Embora a prática da meditação esteja associada com um sentimento de tranquilidade e relaxamento físico, os médicos afirmam há muito tempo que a meditação também proporciona benefícios cognitivos e psicológicos que persistem ao longo do dia", diz o psiquiatra Sara Lazar, principal autor o estudo. "Uma nova pesquisa mostra que as mudanças na estrutura do cérebro estão interligadas, e que as pessoas não se sentem melhores somente por estarem relaxadas”, diz ele.

Lazar já havia feito estudos anteriores que mostravam as diferenças estruturais entre os cérebros dos praticantes de meditação com experiência, e indivíduos sem histórico de prática, por exemplo, uma maior espessura do córtex cerebral em áreas que estão associadas aos cuidados e integração emocional.
Para o estudo atual, os cientistas fizeram exames de ressonância magnética da estrutura cerebral de 16 voluntários, duas semanas antes e depois de fazer um curso de meditação de oito semanas, um programa de redução do estresse coordenado pela Universidade de Massachusetts. 

Os participantes do grupo de meditação passaram a praticar diariamente o mesmo exercício aprendido (uma técnica de meditação onde se faz uso a observação da consciência sem julgamento das sensações e sentimentos). A resposta de um questionário demonstrou melhoras significativas em comparação com as respostas recolhidas antes de iniciarem as práticas meditativas.

A análise da ressonância magnética encontrou um aumento na densidade de matéria cinzenta presente no hipocampo, área do cérebro importante para o aprendizado e a memória, e nas estruturas associadas à auto-consciência, compaixão e compreensão . Além disso, a diminuição foi encontrado na substância cinzenta na amígdala, um conjunto de núcleos de neurônios localizados nos lobos temporais, relacionado com uma profunda diminuição do estresse. Nenhuma destas alterações foi observada no grupo de controle formado por outros voluntários.

"É fascinante ver a plasticidade do cérebro e como, através da prática da meditação, podemos desempenhar um papel ativo na mudança do cérebro podendo aumentar nosso bem-estar e qualidade de vida", diz Britta Hölzel, autora do estudo. A descoberta abre as portas para novas terapias para pacientes que sofrem de graves problemas de estresse, emocionais e orgânicos.

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